16/07/2024
Giuseppe Caviola ganhou projeção após receber, em 2002, o prêmio de melhor enólogo da Itália, concedido pelo Gambero Rosso. Mas ele não atua somente como um dos mais requisitados consultores de enologia do Bel Paese. Mesmo antes da fama como consultor, Beppe, como é mais conhecido, já havia criado, em 1991, a Ca’Viola.
A Ca’Viola reflete a evolução de seu criador como enólogo. Seus primeiros vinhos representavam a rebeldia da época. Caviola adotou o estilo modernista, em contraponto ao tradicionalismo reinante no Piemonte. Porém, ao longo do tempo, seu estilo de vinificação mudou. Se antes o estágio em barricas tinha protagonismo, seus vinhos atuais estão distantes disso. Mas a busca por novos caminhos segue: você conhece algum produtor desta região italiana que elabora vinhos a partir da Riesling?
História
A história da Ca’Viola começa em Montelupo Albese. Enquanto estudava enologia em Alba, começou a elaborar vinhos na garagem e arrendou uma parcela de vinhas velhas no vinhedo Barturot. Seu primeiro vinho foi lançado com o apoio de um dos grandes nomes do Barolo na época, Elio Altare. Após provar o vinho, Altare incentivou Caviola a engarrafar o Dolcetto Barturot em 1991. Sua segunda aposta veio também de um vinhedo em Montelupo, onde Beppe passou a administrar uma pequena parcela de Barbera: em 1991 nascia o Bric du Luv.
Com o enorme sucesso deste vinho, o caminho estava aberto. Em 1996 veio o nascimento de novos rótulos, Dolcetto Vilot e Barbera Brichet. Já nesta época, Caviola se dedicava inteiramente à vinicultura e começou a prestar consultoria na região. Já em 2005, mais um capítulo importante: um vinhedo em Barolo: Sottocastello Cru de Novello. Nos anos que se seguiram, Ca' VioLa continuou crescendo, com novos vinhedos e vinhos, expandindo a atuação também para uvas internacionais, como Chardonnay e Riesling.
Vinhedos e agricultura
Atualmente a Ca’Viola conta com cerca de 18 hectares de vinhedos próprios, em quatro áreas distintas. A maior concentração de vinhedos (12 hectares) fica em Montelupo Albese, origem de seus Barberas, Dolcettos e Langhe Nebbiolo. Destaque para Barturot, com área de 1,9 hectare e videiras plantadas em 1946 e Bric du Luv, com 1,5 hectare e videiras de mais de 65 anos.
Além disso, são dois hectares em Novello (Barolo Sottocastello), quatro hectares na Alta Langa e a última aquisição: cerca de 0,5 hectare no Cru Cerretta, onde plantou novas videiras. Além das tradicionais Nebbiolo, Dolcetto e Barbera, Beppe cultiva também Riesling, Chardonnay e Arneis. Todos os vinhedos têm cultivo orgânico, com o processo de certificação iniciado em 2019.
Vinificação
De forma geral, o estilo de vinificação combina técnicas tradicionais com diversos princípios de baixa intervenção. As fermentações são longas, em tanques de inox ou cimento, com uso exclusivo de leveduras indígenas. Uma das peculiaridades é o uso parcial de cachos inteiros (geralmente entre 20% e 50%) nos vinhos elaborados a partir da Nebbiolo. Os vinhos não recebem filtração antes do engarrafamento.
Em termos de envelhecimento, na maioria dos casos a escolha recai sobre botti de carvalho, com tamanhos variáveis (10 hl a 25 hl). Porém, há uso também de tanques de cimento cru, ânforas com revestimento cerâmico e aço inox, dependendo da cuvée. A tendência, porém, é de uso cada vez menor de madeira, com maior presença de tanques de cimento e aço inox.
Vinhos clássicos
Com uma produção anual de cerca de 100 mil garrafas, a Ca’Viola produz 13 vinhos distintos. Em termos de volume, o destaque ainda fica com as cuvées pioneiras, onde uvas como Dolcetto e Barbera são protagonistas. Para cada uma destas uvas tradicionais do Piemonte são duas cuvées: uma em estilo mais leve e frutado e outra com maior estrutura e maior capacidade de evolução.
O Dolcetto Villot é o vinho de maior produção, com cerca de 20 mil garrafas ao ano, com estilo mais fresco e frutado. Já Dolcetto Barburot, com um total de 5 mil garrafas, é mais complexo e estruturado, com uvas de vinhas velhas de um único vinhedo. A partir da safra 2022 também não conta com carvalho no envelhecimento. Entre os Barberas, o Brichet é o mais fácil de beber, enquanto o Barbera Bric du Luv é denso e concentrado, com produção na faixa de 5 mil garrafas. Vem sendo por muitos anos o flagship da vinícola.
Nebbiolo
O Langhe Nebbiolo Rangone abre a linha de vinhos elaborados com a uva mais nobre do Piemonte. Nasceu em Novello em 2005, com uvas dos vinhedos de onde hoje tem origem o Barolo Sottocastello. As uvas hoje são de Montelupo, fora da área da Barolo DOCG. O terroir, porém, é similar, levando a um Langhe mais estruturado, mas com frescor.
O Barolo Sottocastello tem origem no Cru de mesmo nome em Novello, um vinhedo bem alto para a região. Elaborado pela primeira vez em 2006, combina potência e elegância. Já o Barolo Sottocastello Riserva é um projeto mais novo (2013), produzido somente em safras específicas. Conta com uvas das melhores parcelas, macerações longas (entre 40 a 45 dias) e estágio em ânforas de cerâmica.
Ainda com a Nebbiolo há dois vinhos elaborados usando uvas de vinhedos arrendados. O Barolo Caviot é mais moderno, em um estilo internacional e pronto para beber, com uvas de Novello e Serralunga. Já o Barbaresco Mathias é um projeto recente (primeira safra 2020), com uvas provenientes de Neive e estágio somente em botti.
Outros vinhos
Além de seus vinhos a partir de uvas do Piemonte, a Ca’Viola é também conhecida pelo Riesling Clem. As videiras foram plantadas em 2011, na área de Alta Langhe. Sua primeira safra foi em 2014, com vinificação e envelhecimento de 10 meses com suas lias em inox. Recentemente a produção dobrou para 8 mil garrafas.
O Langhe Arneis Sirena foi o segundo branco em produção. A partir de vinhedos arrendados, é um vinho fácil de beber, frutado e aromático. O Chardonnay Filosofia surgiu em 2021, para comemorar os 30 anos da vinícola, com produção de apenas 3 mil garrafas. Passa 12 meses em barricas de carvalho, 60% usadas e 40% novas. Por fim, há o Rosato Rita, com primeira safra em 2019. Este monovarietal de Nebbiolo, é complexo e estruturado, com passagem em recipientes de três materiais: inox, tonneaux e ânfora cerâmica.
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