02/09/2024
Atualmente cerca de 60% dos vinhedos de Montalcino têm cultivo orgânico, evidenciando que as preocupações com o meio ambiente ganharam espaço na agenda dos produtores locais. Se este movimento parece hoje evidente, há muito valor em identificar os pioneiros. Quais são os produtores visionários que identificaram décadas atrás que vinhedos mais saudáveis dão origem a vinhos de melhor qualidade?
Dentro deste seleto grupo, um dos pioneiros foi a San Polino. Desde 1994 seus vinhedos possuem certificação orgânica, evoluindo em 2001 para contar também com certificação biodinâmica. Além disso, é um dos principais nomes da agricultura regenerativa na região. Curiosamente, esta busca por vinhedos mais ecológicos tem muito a ver com o Brasil.
Breve histórico
San Polino é uma propriedade histórica (as primeiras menções datam do século XIV) situada a sudeste do vilarejo de Montalcino. Em 1989 o casal formado pela inglesa Katia Nussbaum e o italiano Luigi Fabbro adquiriu a propriedade, buscando não somente um local tranquilo para morar, mas também para colocar em prática algumas das ideias de cultivo de Luigi.
Gigi, como é carinhosamente chamado, trabalhava em um projeto na Amazônia brasileira, com o objetivo de criar uma reserva ambiental. Ao retornar para a Itália, teve a ideia de aplicar algumas das ideias de plantio com simbiose de várias espécies (que usou na Amazônia) nos vinhedos da Toscana. Aproveitando-se da legislação que permitiu a expansão da área da denominação de origem Brunello di Montalcino, plantou seus primeiros vinhedos em 1998. Começava uma história de sucesso.
Vinhedos
A San Polino possui atualmente oito hectares de vinhedos, plantados exclusivamente com a Sangiovese, uva-símbolo da Toscana. Eles se dividem em duas áreas distintas, com importantes implicações para as características de seus vinhos. O principal destaque é um bloco de cerca de cinco hectares plantados em torno da propriedade histórica.
Situados na parte sudeste da denominação de origem, a cerca de 450 metros de altitude, contam com solos complexos e distintos. Estes vinhedos fazem frente ao Monte Amiata, um vulcão extinto responsável pelos solos de galestro. Nestes mesmos vinhedos, porém há também presença de áreas com muito calcário, além de solos arenosos com abundantes fósseis marinhos. Uma verdadeira colcha de retalhos, porém de baixa fertilidade e com grande quantidade de ervas aromáticas locais, entre elas a Helichrysum.
O segundo bloco de vinhedos, com quatro hectares, fica a nordeste de Montalcino, com características distintas. Além de solos mais ricos e homogêneos, as condições climáticas destas parcelas situadas entre 350 e 400 metros de altitude são diferentes. Esta área conta com maior amplitude térmica, por conta da incidência de ventos frios provenientes dos Balcãs.
Vinificação
Um exemplo de sustentabilidade no cultivo dos vinhedos, a San Polino também adota técnicas menos interventivas na adega. Com uma produção total que varia entre 25 a 35 mil garrafas ao ano, elabora três vinhos todos os anos, com um quarto tendo produção somente em safras extraordinárias. A colheita, sempre manual, ocorre entre o final de setembro e o início de outubro.
As uvas passam por maceração a frio de três dias em botti de carvalho da Eslavônia ou de aço inoxidável, dependendo do vinho. A fermentação, usando somente leveduras indígenas, dura entre quatro e seis semanas, seguida por estágio em botti ou barricas francesas (parte novas, parte com até 15 anos de uso). O engarrafamento ocorre na propriedade, com baixa adição de sulfitos.
Vinhos
Os vinhedos ao redor da propriedade de San Polino dão origem a dois vinhos, porém somente um deles elaborado todos os anos. O Brunello di Montalcino Helichrysum provem dos vinhedos mais altos da vinícola, com fermentação em botti e estágio de três anos em botti e barricas. É um vinho frutado e floral, com notas minerais, grafite e toque terroso. Elegante, geralmente se mostra pronto para consumo para quem aprecia vinhos mais frutados, mas mostra grande potencial de evolução.
Dos mesmos vinhedos, porém elaborado somente em safras excepcionais, há o Brunello di Montalcino Riserva. As fermentações e macerações são mais longas (quase 40 dias de maceração), com estágio de seis meses em barricas, seguidos por quatro anos em botti. É um vinho intenso, mas sem perder a elegância e mostrando as notas de ervas aromáticas características deste vinhedo, com grande potencial de guarda.
Já a partir dos vinhedos a nordeste de Montalcino, são dois vinhos. O Rosso di Montalcino, um vinho mais leve e para consumo mais rápido, e o Brunello di Montalcino Classico. Na comparação com o Helichrysum, este Brunello se mostra mais redondo e intenso, não tão refinado, porém de consumo mais acessível.
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